A cantora de soul Roberta Flack, conhecida mundialmente por suas interpretações marcantes e por ter influenciado gerações com sua sensibilidade musical, faleceu aos 88 anos.
Segundo informou sua assessora, Elaine Schock, a artista morreu em casa, cercada pela família, após enfrentar anos de problemas de saúde, incluindo um diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica (ELA) divulgado no final de 2022.
Legado musical e trajetória brilhante
Formada em música clássica, Roberta iniciou sua trajetória aos nove anos, tocando piano e recebendo formação de um organista de igreja. Aos 15, ganhou uma bolsa de estudos na Howard University, onde se graduou em educação musical em 1958.
Apesar do desejo inicial de se dedicar à música clássica, a artista foi incentivada a explorar o universo pop, o que a levou a se apresentar em clubes de Washington, DC, onde foi descoberta durante uma apresentação no Mr. Henry’s.
Em uma audição histórica para a Atlantic Records, Flack chegou a cantar mais de 40 músicas em apenas três horas.
Seu álbum de estreia, First Take (1969), que continha sua versão de “The First Time Ever I Saw Your Face”, alavancou sua carreira, especialmente após a canção ter sido escolhida por Clint Eastwood para o filme Play Misty for Me (1971).
Em sequência, a carreira da cantora ganhou força com lançamentos como Chapter Two, Quiet Fire e a parceria marcante com Donny Hathaway – dueto que rendeu a ela um Grammy em 1973.
Sucessos que marcaram época
Roberta Flack consolidou seu lugar na história da música com grandes sucessos que permaneceram nas paradas por semanas.
O álbum Killing Me Softly (1973) não só trouxe a faixa-título, que reinou por cinco semanas no topo da Billboard Hot 100, como também rendeu à cantora mais dois prêmios Grammy em 1974, nas categorias de Gravação do Ano e Melhor Performance Vocal Pop por uma artista feminina.
Ao longo de sua carreira, a artista acumulou 14 indicações ao Grammy e conquistou cinco troféus, incluindo o prêmio de realização de vida, recebido em 2020.
Seus trabalhos não se limitaram a interpretações de canções românticas; Roberta também abordou temas sociais e políticos em faixas que tratavam de injustiça racial, desigualdade econômica e questões enfrentadas pela comunidade LGBTQ, demonstrando seu comprometimento com causas sociais.
Influência e ativismo
Além de sua notável carreira musical, Roberta Flack foi reconhecida por sua postura engajada. Em entrevistas, a cantora destacou a importância de suas escolhas artísticas como forma de expressar suas convicções e sentimentos, ressaltando o caráter pessoal e profundo de cada canção que gravou.
Sua influência se estendeu a artistas contemporâneos, como Lauryn Hill, Fugees, Lizzo, Lady Gaga e Ariana Grande, que veem na obra de Flack uma inspiração duradoura.
Um adeus à uma era
A morte de Roberta Flack representa o fim de um capítulo importante na história da música soul. Sua trajetória, marcada pela inovação e pela superação de barreiras em uma indústria predominantemente masculina, deixa um legado indelével que continuará a ecoar nas futuras gerações.
Enquanto o mundo se despede de uma voz única e de uma artista comprometida com a arte e a justiça social, seu legado seguirá vivo por meio de suas músicas e da inspiração que proporcionou a tantos.
